sexta-feira, 2 de março de 2007

As artes de Gion

Gion (lê-se 'guion') é a zona das casas de chá de geishas, em Quioto.

É em Gion que estão as escolas que as formam e as casas onde depois trabalham.
Antigamente,
quando uma família tinha muitos filhos, as filhas eram vendidas às casas de geishas. Nos dias de hoje, é uma questão de carreira. Carreira em vias de extinção, pois são precisos tantos anos de preparação que já não há muita gente disposta a tal, a não ser que seja um sonho a realizar.

Vai-se para a escola de geishas, chamadas as casas-mãe, desde muito cedo tipo aos 6 anos. E lá aprende-se a arte da
dança, da cortesia, da conversação, da cerimónia do chá, a tocar instrumentos tradicionais... e a vestirem-se e pintarem-se daquela forma. Só o penteado demora horas! E para dormir usam umas almofadas especiais (e desconfortáveis) de modo a não desfazer o dito penteado.

Durante o tempo de estudo são 'maiko' ou aprendiz de geisha. A 'mãe' da casa (patroa) paga-lhes tudo até ao dia em que começam a trabalhar. A competitividade é grande entre as várias geishas de cada casa. Muitas pessoas pensam, erradamente, que as geishas são prostitutas. Haverá quem o faça, mas essa não é a tarefa delas. Aliás, se a 'mãe' descobre tal actividade, a geisha é expulsa da casa de imediato.

As geishas são damas de companhia.
Embora, no
s tempos antigos, a virgindade de uma geisha era leiloada entre os homens influentes da zona. As patroas apreciavam este acto pois o dinheiro ia todo para elas e, caso a geisha não tivesse sucesso no futuro, a patroa já teria reavido grande parte do dinheiro que gastara com ela. Nos dias de hoje, este leilão já não se pratica. Ainda bem. Que horror.

Basicamente o trabalho
das geishas é servir o chá, entreter os clientes com dança e música, concordar e rir com o que eles dizem, sorrir e ser sempre agradável. As geishas não se podem casar. A partir do momento em que o queiram fazer, têm que deixar o seu emprego.

Como muitos bares, clubes e assim no Japão, as casas de chá estão proibidas aos estrangeiros.
Como o nível de vida lá é muito caro (Tóquio é a cidade mais cara do mundo!!!) comparando com qualquer outro sítio, eles preferem que a entrada aos "tesos" dos estrangeiros seja completamente barrada para nunca haver chatices. Que cena.

Mas mesmo entre japoneses, não é qualquer um que entra numa casa
de chá. Ah, pois não. É preciso que um 'habitué' da casa leve um amigo e que o apresente à patroa, só depois é que podem entrar nas salinhas de convívio (de portas de papel de arroz, de correr, fechadas) e apresentá-lo às geishas de preferência. Ninguém entra lá porque se lembra de experimentar. Não. Tem que se seguir as regras todas. Para variar :P

Fui 3 vezes a Quioto. Claro, na esperança de ver geishas em Gion, como qualquer turista...
Da 1ª vez não vi uma única e os bares tinham as entradas de acesso bastante complicado. Vi foi
muitas meninas com ar de prostitutas. Foi muito estranho. Mas em contrapartida, passei numa rua em que estava a decorrer um 'o-bon' (uma festividade de verão).

Da 2ª vez decidi fazer uma visita guiada. Paga-se um tanto, anda-se no dito autocarro feitos tótós, mas ao menos tinha a certeza do que ia ver. O 'tour' era durante o serão e incluía a cerimónia do chá numa ryokan, ver as casas-mães por fora, e ir ao Gion Corner que é um teatro de representações tradicionais como Ikebana (arranjo floral), cerimónia do chá, teatro cómico, Bunraku (teatro de marionetas), música tradicional (shaminsen) e, por fim a dança de geishas.
Estão a ver na imagem aqui em baixo à dta. um quadro verde? Está colocado lá no Gion Corner e cada uma daquelas barrinhas representa os elementos do currículo da cada geisha, que vai representar nesse mês. É engraçado, não é?


Estão a ver a menina de yukata azul? Está-nos a oferecer a nossa 'boa-fortuna', nos papelinhos. A foto por baixo dela, uma casa em amdeira, tao a ver? A parte de baixo mais inchada e mais clara, antigamente servia de tapete: as pessoas raspavam ali os sapatos antes de entrar. Que cena. A entrada que está ao ladinho é de uma dita casa de chá.

Valeu bem a pe
na, aconselho-vos. Pois não é qualquer que vai ao Gion Corner - é caro.

Da 3ª vez, já não fui a Gion mas tive sorte na mesma :) Nas ruas em direcção ao templo Kyomizudera, lá andavam 3 geishas a passear. Foi montes de engraçado, os turistas todos a correr para as apanhar de frente (como eu, pois)...
E depois, na GRANDE estação de comboios de Quioto também anda
va uma a distribuir panfletos.

Sem comentários: