quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Kengishu KAMUI Sword Masters

Dia 22 de novembro fui ao teatro Rivoli ver mais um espectáculo da Japan Week e, foi o MÁXIMO!!

O grupo Kengishu KAMUI Sword Masters, liderado por Tetsuro Shimaguchi, fazem uma simulação de combate de samurai, com katanas e naginatas, ao som de rock japonês, com fumo e jogo de luzes.

Pelo que investiguei, Tetsuro Shimaguchi entrou nos filmes Kill Bill nas cenas de acção e o seu grupo Kamui trabalhou na coreografia.

Como foi realmente excelente, filmei tudo, até os voluntários do público, pois o Tetsuro Shimaguchi tem imensa piada a falar e a explicar as coisas :) Fiquei fã!

Deixo o site deles.

Espero que gostem!

Parte 1:


Parte 2:
 


Para além disso, a Associação Portuguesa de Kendo também participou e, apesar de já ter visto treinos, fico sempre impressionada :) Deixo aqui o vídeo também, pois tem cenas de combate:




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Japan Week

Bom, à falta de um post novo, deixo-vos os vídeos e fotos que fui tirando estes dias na Japan Week no Porto :)
Grupo Hamamatsu Hanachochin

Confecção de Mochi à antiga 1/2

 

Confecção de Mochi à antiga 2/2

 

Grupo Bon O-dori a dançar com o público

     

grupo Academia Kimono Lady 4/4

Bom, há mais vídeos, vejam o resto no youtube :)

E quanto às fotos, vejam aqui.

Apesar dos vídeos não estarem 5 estrelas, espero que gostem do cheirinho a Japão!

E já agora, em dezembro vou ao Japão!!!!!!!!!!! Happy, happy, happy :)

domingo, 24 de outubro de 2010

Spa para vaquinhas


Pois é, depois dos cães e gatos, é a vez das vaquinhas ^^;

Bom, não é exactamente pró mesmo efeito, mas tem piada na mesma...

As vacas de Kobe têm um tratamento especial: cada quinta tem no máximo 10 vacas e estas seguem uma dieta rigorosa com cereais orgânicos, cerveja nacional e sake :P

 A vida destas vaquinhas é passada num local com temperatura ambiente controlada, música clássica, cerveja no verão, massagens, e escovadas com sake!!!
E porquê?

Ora, estava eu num restaurante carote num dia especial, quando reparo que na ementa diz "bife Kobe Wagyu", bom, cheirou-me a japonês e resolvi pedir. Aproveitei e perguntei ao empregado como era.

É, efectivamente, carne de vaca japonesa muito específica (e cara, sim) pois é extremamente tenra e saborosa. 

Quase que se desfaz na boca! Mas não fica papa, parece que derrete na língua ^^;
Então resolvi pesquisar o porquê do bife ser japonês e descobri a fita do "spa" para vaquinhas: 
1º: elas recebem massagens para relaxar os músculos pois essas  quintas não têm o espaço normal para elas andarem a exercitar à vontade, além do terreno ser caro no Japão, não é?

2º: a dieta específica serve para elas terem vários tipos de gordura, saudável, o que lhes garante mais suavidade :P

3º: a cerveja serve para estimular o apetite, pois no verão ficam sem ele.

4º: a escovagem com sake porque passa através da pele e torna a carne mais macia e saborosa :P

Como as regras de produção são muito específicas, só há vacas tipo Kobe no Japão, e actualmente, na Nova Zelândia, na Argentina e na Austrália.
Um pouco semelhante ao que acontece cá com a carne barrosã DOP (que se come no restaurante japonês Gosho).

Só para terem uma noção do preço do bicho, um quilo chega a custar 270€!

Pelos vistos, também é difícil de cozinhá-la... é preciso muita perícia para não a estragar, mas a esse preço não me atrevia a fazer a experiências >.<

Podem sempre ir aqui ver vídeos das vaquinhas no seu spa...

E mais uma curiosidade: nos tempos de guerra no Japão, o soldados levavam de casa alguns bifes para se manterem fortes. Quando voltavam da guerra, vinham cheios de fome desses bifes-maravilha. 
Mas os anciães das aldeias achavam um sacrilégio comer bife dentro de casa pois era um insulto aos antepassados (que não tinham esses hábitos). 

Por isso, eles cozinhavam e comiam os bifes fora, junto aos arados. Graças a esta fita, cozinhar e comer bife passou-se a chamar Sukiyaki, que significa à letra 'cozinha no arado'. Só depois da restauração Meiji (em 1868) é que deixou de haver este estigma em relação a comer bife.

O sukiyaki é um prato japonês que eu adoro ^^ mas falarei disso noutro post...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Hokoten


Hokoten é o diminutivo para Hokousha Tengoku, que à letra significa 'paraíso pedonal', mas na realidade refere-se à animação de rua.

E com animação, quero eu dizer mesmo grupos de música espalhados pelos passeios fora. Achei o máximo o ambiente que isso dá na rua! 

Tropecei em alguns em Shibuya e em Shinjuku. Mooontes de gente a assistir! Na altura, pensei que se tratasse de algum evento naquele dia...

Mas não. 
Em certas zonas de Tóquio, à noite, as ruas enchem-se de grupos de música amadores a fazerem-se conhecer ou à espera de serem fisgados por alguma editora de música.

Muitos começam assim. Vão para a rua cantar e tocar. Não querem dinheiro, querem mas é fãs. Com o crescer da multidão, crescem os fãs. E quanto mais fãs, mais se entusiasmam e fazem CDs que vendem na rua. Eventualmente, sai-lhes a sorte grande.
No entanto, isso acontece com muito poucos :(

Pois, este tipo de publicidade funciona muito com o "passa-a-palavra" e, os japoneses não comunicam muito nesse aspecto...por outro lado, as redes sociais vieram dar uma ajudinha nesse campo.

De qualquer forma, a vida é dura pois até conseguirem qualquer tipo de contrato, tem que ser o próprio grupo a financiar os CDs ou merchandising, ou até os bilhetes para pequenos concertos que consigam dar nas raibu-hausu (=live-house ~ casas que alugam palcos). Visto que também não têm poder financeiro para fazer publicidade em rádios ou tv. E são, obviamente, os próprios que têm que carregar o material todo para o meio da rua.

Além de que conseguirem fazer-se ouvir bem num passeio cheio de barulho citadino, como o do trânsito ou das pessoas a passar, requer também algum barulho da parte deles.
 
Os 'hotspots' para estes hokoten são: em Shinjuku junto ao edifício Alta (chama-se mesmo assim); em Shinjuku junto à loja Gap; no parque de Yoyogi; no caminho junto à Tokyo School of Music; na saída Este do metro em Ikebukuro; à saída do metro de Takadanobaba (onde tive o meu curso de japonês ^^); junto aos autocarros em Akihabara; debaixo da ponte de comboio em Shimokitazawa; no cruzamento de Shibuya até à estátua de Hachiko;  e no grande parque Ueno.

O que é mais fixe, é que além de ser de borla para quem passe na rua, ouve-se todo o tipo de música ali: punk, alternativa, techno, hip-hop, jazz, death rock, speed metal, bubble-gum, grunge, blues, etc.

É mesmo para todos os gostos e sentimo-nos como se tivessemos ido a uma data de concertos numa única noite :)

Visto que as minhas fotos não ficaram fantásticas (à noite e sem flash), deixo-vos links de quem conseguiu filmar com jeitinho: o vídeo abaixo dos Toy Missile ou vários no youtube.

sábado, 2 de outubro de 2010

Noren

As noren são umas cortinas japonesas utilizadas para separar divisões, como as portas, mas dando um ar engraçado ^^  
É sempre uma cortina com um corte a meio e, com um desenho com algo tradicionalmente japonês.

À partida, parece esquisito, eu sei, mas lá vê-se em todo os sítio que tenha uma cozinha, seja restaurante, seja numa casa. Ou então, na separação entre loja e sala do staff, ou zona de cacifos e espaço público, ou nos banhos públicos. 

Mas dá um ar muito engraçado ao espaço. Não sei se já tiveram oportunidade de ver isso em restaurantes japoneses...


É um costume que veio do final da época Heian (séc. XII), em que se colocava isso para mostrar que uma loja estava a funcionar. E, assim que a loja fechava, também a noren era retirada. 

Nessa altura, cada cortina tinha apenas o desenho do objecto que vendiam, mas com o tempo começaram a elaborar ilustrações mais apelativas. Ás vezes, também se usavam como nós usamos as nossas cortinas, para impedir o sol ou o vento de entrar pelo estabelecimento.


Com as portas cada vez mais resistentes, as noren cairam em desuso durante uns séculos. No entanto, hoje em dia vê-se em todo o lado :) 

Antigamente mediam 114 cm de comprimento e nos dias de hoje tendem a ter 160 cm (ou seja, 1 cm a menos que eu :P)

O tipo de tecido ou ilustração da noren indica-nos logo o estatuto social ou o tipo de estabelecimento a que pertence, como as placas das lojas, no fundo. No entanto, as noren dão um toque mais tradicional.


Em geral, as noren divididas em 3 vêem-se mais nos restaurantes rápidos ou nas tascas ambulantes, enquanto que as que se dividem em 2, vêem-se mais em casas. 
Agora, não se utilizam no exterior, como antigamente. Usam-se mais para mostrar que há secção da loja ou da casa que é privada. 


Por outro lado, também são óptimas lembranças: bonitas, originais, leves e baratas :)


Uma coisa que demorei a perceber foi por que raio nos banhos públicos (onsen) têm sempre as noren com o caracter 'yu' em hiragana. Sempre! 

Ora, porque o caracter para 'àgua quente' também se pode ler 'yu' e, é muito mais fácil de pôr em tecido o ゆ do que 湯 . Espero que consigam todos ler o que escrevi em caracteres aqui >.<


Eu tenho 2 norens: um pequeno de 3 divisões com a Hello Kitty que comprei em Quioto, e um grande de 2 divisões com um enorme kanji tirado do anime Hakuouki Shisengumi Kitan.
Não os tenho postos em lado nenhum, pois não tenho apoios para os dependurar, o que é uma pena, pois ficariam pintarolas ^^


Se quiserem ver mais fotos na net, podem ir aqui.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aburatorigami

Hoje resolvi falar de algo bem original ^^ Espero que gostem!
Andava eu a passear por Quioto quando vi uma loja de papeis muito fininhos... Achei estranho e entrei.
Todos os papeis tinham direito a uma bolsinha. Como esta do Tarepanda. Aliás, quando a comprei, nem sabia o que era, pensei que fosse um bloquinho de notas :P

Era uma loja enorme que só vendia papel extremamente fino, quase transparente mas de variadíssimas cores.  Dei umas voltas, tentei ler as placas, mas não percebi. As pessoas que lá compravam, levavam umas 20 folhas daquilo, com uns 5 cm cada, dentro de uma bolsinha.
Inicialmente, ainda pensei que seria uma loja de papel para artistas, mas não com papel daquele tamanho...
Mistério...!

Bom, quando voltei a Tóquio, já habituada aos distribuidores de lenços, numa rua dão-me os ditos lenços do lado esquerdo e do lado direito uma bolsinha de papel finíssima. Sorri e agradeci. 

Como já disse no post sobre os lenços, estes são distribuídos na rua como forma de publicidade a tudo e mais alguma coisa. Mas esta foi nova: algo que se chamava 'face paper for girls & boys' (como podem ver na foto) mas que faz publicidade a uma escola de condução! Cena marada... abri e tinha lá os tais papeis mega-finos! 

Até que perguntei à minha host-family.
Um pacotinho de 'face paper' ou aburatorigami serve para tirar a gordura da cara. E disse eu: "Mmm, ok, não tou bem a ver a coisa, mas há assim tanta gente que use, para se justificar haver lojas só disso quando até dão na rua?"
E sacam todos (pai, mãe, 2 filhos e 1 filha) das suas bolsas, carteiras ou mochilas um pacotinho de aburatorigami! São embalagens de 30 folhinhas com 7x10cm.

Ou seja, toda a gente usa pois com o tempo que se passa nos transportes, a cara de uma pessoa fica transpirada e com gordura e, por isso, toda a gente, homens ou mulheres, crianças ou adultos, se preocupam em estar sempre no seu melhor! Agora imaginem o que é satisfazer essa tropa toda, considerando os vários tipos de pele e depois os vários tipos de papeis que daí saem!

Lá experimentei a coisa e, realmente, o papel fica com uma mancha de gordura.  A explicação é que remove o excesso do óleo da cara que leva à obstrução dos poros e que, por isso, pode até substituir cremes de beleza.  

Então, comecei a reparar que até nos grandes museus havia disso à venda nas lojas deles, com umas bolsinhas mais bonitinhas, claro está. Trouxe alguns de lembrança (é leve, barato e original).

E como surgiu esta coisa? Pois, tem toda uma história, mais uma vez!!!

O aburatori-gami, ou à letra "o-papel-de-mancha-do-óleo-da-cara" (facial oil blotting paper, em inglês, caso queiram pesquisar),  aconteceu por um mero acaso no Japão Imperial de há uns 1000 anos. 
Quando Quioto ainda era a capital do Japão, entre 794-1192 d.c., os artesãos de ouro usavam uns papeis especiais artesanais, os hakuchii-gami, para proteger o ouro que seria martelado até se transformar numa folha fina, a fim de revestir a mobília da nobreza ou os majestosos templos, como é o caso do belíssimo templo Kinkaku-ji em Quioto. 
 
Esses artesãos, comentavam que sentiam como se as mãos tivessem tomado um banho por andar a manipular aquele papel :P 
E surgiu esse rumor....
Na mesma altura, foi construída a primeira grande casa de teatro em Quioto, a Minamiza. Como, obviamente, não havia ar condicionado nessa altura, os actores de kabuki tinham uma grande dificuldade em manter a enorme maquilhagem direita devido ao suor e à gordura da cara. Assim como as geisha. 
Dessa necessidade e desse rumor, surgiu o Aburatori-gami, inventado pela casa Yoji-ya, que ainda existe actualmente.
 
As geisha e os actores de kabuki, continuam a usá-los, séculos após séculos...!
Por ter sido inventado em Quioto, este tornou-se uma lembrança típica da cidade. É de notar que, normalmente, para os japoneses as lembranças, regra geral, são sempre doces ou bolinhos. 

E as cores do papel, são as cores da natureza à volta da cidade de Quioto ^^
Supostamente, após usar o aburatori-gami com frequência, a pele fica perfeita para usar maquilhagem assim como fresca como uma pétala de rosa!

E, como não podia deixar de ser, a charmosa Hello Kitty vestida de quimono não poderia deixar de ter umas embalagens lindas de aburatori-gami ^^

A da HK e do Petit Garden (imagem acima) comprei-a na Japonmania e na From Japan with Love, duas lojas muito simpáticas que mandam vir os artigos directamente do Japão, e nunca param na alfândega :)


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Os sem-abrigo


Mais um assunto sério a caminho...
Bom, quando se vai de férias, talvez por estarmos maravilhados pelo local, raramente vemos ou reparamos nas pessoas sem-abrigo. No entanto, quando se fica a morar mais algum tempo, começamos a reparar nisso.

Pois até os sem-abrigo japoneses são diferentes. Não que tenha falado com algum, mas há coisas que passam sempre.

Para dar um pouco de contexto, Tóquio tem cerca de 13 milhões de habitantes nas 23 freguesias, dos quais 4000 são sem-abrigo. O Japão terá, no total, 24000 sem-abrigo. A taxa de desemprego está pelos 3%, considerada alta para eles.

Digo "terá", pois não é um número muito certo. Como nalguns países mais puritanos (ex.: G.D. Luxemburgo), o governo tende a não divulgar ou publicar mais especificamente os problemas graves do país. Por isso, as pessoas também tendem a não ter noção do que se passa. 

Mas o que notei foi um grande à vontade por parte das pessoas sem-abrigo. 
Primeiro, não vi NINGUÉM a pedir dinheiro.

Segundo, se estivessem na rua, não incomodavam ninguém. NUNCA.

Bom, de tal maneira à vontade que um estava apenas com roupa do umbigo para cima (sim, para cima, leram bem), e andava perfeitamente à vontade, assim como ninguém na rua se metia com ele. Fiquei um bocado chocada, obviamente...

As pessoas na rua, nem olhavam de lado. Não sei se isso é exactamente bom ou mau, mas o facto é que parecia haver um certo respeito. Digo eu.

O governo municipal de Tóquio fornece umas tendas azuis, que montam sempre em parques grandes, a servir de abrigo a quem não o tem. Cada tenda é suposto abrigar 5 pessoas.

Certa vez, estava eu a sair do metro no parque Ueno (aquilo é mesmo muito grande) e não sabia qual era a saída que me interessava. 
Quando cheguei cá fora, estava no parque, sim, mas parecia mais que estava num parque de campismo, pois via-se tendas, fogões a gás, bicicletas, mesas com chávenas de chá, cadeiras, futons...
E o pormenor mais engraçado: todas as tendas tinham o calçado "à porta"!!!! Como em qualquer casa japonesa.
Depois deste episódio, comecei a reparar nas tendas azuis em mais sítios. E, apesar da situação de vida, tudo parecia arrumado e limpo. E, digo, com certeza o "limpo" pois, vi um senhor sair de uma tenda e ao chegar cá fora, começar a varrer o chão em frente à entrada da tenda! 

Do que me disseram, uma forma de terem algo mais numa noite mais fria é, tendo algum dinheiro, por 10€ passar a noite nas kissaten ("cafetarias" com internet, televisão, mangas, bebidas e chuveiros).  Ou então, ficar nas estações de comboio ou metro até estas fecharem - das 01h às 05h da manhã ficam fechadas.

E, as lojas de conveniência ou konbini (muito diferentes das que conhecemos cá - explicarei isso noutro post) quando têm comida fora de prazo dão aos sem-abrigo pois, por lei, não a podem pôr à venda. É chato ser fora do prazo, sim, mas para quem nada tem, acho que é uma melhor solução do que, pura e simplesmente, deitar fora.

Apesar da vida lhes ser complicada, mantêm as regras de educação quanto ao outro na via pública. Esse espírito mantém-se, do que me disseram lá. O ajudar, o não incomodar os outros.

Cheguei a ver, em bancos de jardim, pessoas a dormir (sem abrigo ou não) e que punham os sapatos no chão em frente ao banco, como estivessem à vontade em casa ^^ E não, ninguém lhes rouba os sapatos.

Como devem imaginar, não tive lata de tirar fotos a nenhuma "aldeia de tendas" (como eles chamam)... No passeio de barco pelo rio Sumida cheguei a passar bem perto de uma série de tendas, no entanto, não tirei foto... Vejam aqui uma foto bem tirada.


Em 2009, deu-se o "Incidente Coala" em Osaka que gerou uma certa revolta: o jardim zoológico de Osaka, financiado pelo governo, comprou 6 coalas à Austrália, que lhes custa cerca de 1 milhão de euros por ano em alimentação. Sendo que a maior percentagem de pessoas sem abrigo do Japão se encontra em Osaka e, que esta decisão de comprar os coalas foi escolhida entre ajudar os sem abrigo locais (!!).... acho que podemos adivinhar que ficaram muito chateados com esta decisão...
Protestaram, sim. Mas não houve confusões. Mais uma vez, até zangados e com razão, sabem manter a calma.

E, já agora, para quem não conheça vejam o filme Tokyo Godfathers, do grande Satoshi Kon (recentemente falecido, R.I.P.) pois trata a história de 3 sem-abrigo de forma brilhante e com uma trama divertida!





quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os Sarariiman


A pedido de vários alunos e amigos, resolvi voltar ^^
Bom, não com o relato do costume, da minha experiência lá, pois já passaram uns anos.... Mas com as coisas fantásticas que vou sabendo lá daquelas bandas! Espero que gostem na mesma :)

Por isso, resolvi falar de algo um pouco mais terra-a-terra.

Salaryman ou assalariado, é uma pessoa que tem um contrato com uma empresa e, que por isso tem um salário fixo.  Até aqui, tudo faz pensar num trabalho qualquer. Pois, mas no Japão, as coisas não são tão lineares quanto isso. Aliás, são os salarymen que fazem o Japão avançar, dizem os próprios japoneses.

Mas para se ser um salaryman, tem que se seguir certas regras, das quais: cabelo curto e com risca a 70% da dimensão total cabelo; se se usar óculos, estes têm que ser de metal, quadrados e pretos; gravata preta ou vermelha escura com riscas na diagonal; camisa branca; fato azul escuro ou cinzento; sapatos pretos de pele; pasta preta quadrada; no bolso direito interior do casaco, levar a agenda, a carteira, o passe e os cartões de visita. 

Apenas a pasta é que tem alguma variedade, e pode ser de 4 tipos: a dita quadrada, uma bolsa com alça (semelhante às de senhora), uma pequena bolsa de levar na mão, e pequenos sacos de viagem triangulares para quando têm que dormir no trabalho.

Mas como é então o dia-a-dia destes indivíduos?
O típico salaryman vive nos arredores e, por isso, demora cerca de uma a duas horas de comboio até ao emprego. Levanta-se de madrugada, arranja-se, toma o seu pequeno-almoço enquanto lê o jornal, e sai. 

E com pequeno-almoço, quero dizer o tradicional pequeno-almoço japonês que contém um ovo cru, arroz simples ao vapor, sopa miso, peixe estufado ou marinado, 2 ovos estrelados ou mexidos, 2 torradas e café. Se a esposa tiver menos tempo,  põem-se os restos do jantar com a sopa miso e o café. Como pude comprovar na minha estadia lá :P

Já dizem os nutricionistas, que a refeição mais importante é o pequeno-almoço!

Cerca de 10 milhões de pessoas dirigem-
se aos centros de negócios de Tóquio logo pela manhã, o que torna a viagem muito cansativa só para chegar ao trabalho: entre o tempo que se demora, as filas para aceder ao metro, os empurrões, o ir extremamente apertado, ter que ir de mãos no ar (para não criar situações embaraçosas quando alguém é empurrado contra si) , não ficar chateado com as pisadelas ou as cotoveladas, não colocar nada no arrumo da carruagem pois depois será impossível de recuperar, dobrar o jornal de uma maneira muito específica de forma a não incomodar as outras pessoas, tirar o som ao telemóvel...

E, geralmente, ainda têm que fazer um pequeno percurso de bicicleta. Neste caso, as coisas são mais simples: a Câmara, ou empresas, fornecem um serviço de bicicletas gratuito à saída de todas as estações de metro ou comboio. As bicicletas não precisam de ser devolvidas onde as pegámos, basta deixar na estação mais próxima! Muito práticos, mais uma vez.

São poucas as pessoas que têm carro e, não se justifica, pois há transportes para todo o lado. Além de que, quando resolvemos comprar um carro, só nos é permitido (por lei)  fazê-lo se provarmos que temos lugar de estacionamento quer no local de trabalho, quer em casa. 
O movimento na estrada é maioritariamente táxis, carros com motorista e camionetas de entregas. Os táxis são de evitar, pois são extremamente caros: em 2004 (quando lá estive) ir dos subúrbios ao centro da cidade ficava por 250€!!!

Assim que, finalmente, se chega ao trabalho há a reunião matinal, sendo diferente em todos os empregos. 
Se se tratar de trabalhos em obras, na reunião revê-se as regras de segurança, assim como uma sessão de ginástica de aquecimento, de forma a aumentar a vontade e o espírito de trabalho; para vendedores, as reuniões são para explicar ou relembrar a estratégia de ataque; para os trabalhadores dos shoppings, faz-se uma revisão às regras de educação para com o cliente, treinando sempre alto e bom som o "bem-vindo" para quando as portas se abrem.
Note-se, que os shoppings são diferentes dos nossos: enquanto nós temos lojas individuais, eles têm um espaço amplo e aberto com balcões de todas as lojas, como se vê no El Corte Ingles, e a maior parte dos shoppings na europa (Printemps, Marks & Spencer, etc).

Só as grandes empresas de importação/exportação é que raramente têm essas reuniões, pois o início da manhã serve para ler o jornal enquanto se bebe café, de forma a estar sempre actualizado quanto às notícias. Hehe, malandros.

Apesar da maior parte das empresas ter refeições baratas
na cantina, os trabalhadores preferem ir a bares de Soba (massa de trigo sarraceno, que se come gelada), ou de Ramen (massa com caldo, legumes e carne servida numa grande malga), enquanto que os trabalhadores recém-casados trazem de casa o seu aisai-bento (à letra: lancheira da esposa dedicada). Quem trabalha em obras, geralmente come na cantina, e depois fazem algum desporto, num campo de desporto perto.

Quase todos os empregos requerem horas de trabalho extra (que não é pago, mas o trabalho necessita ser feito) e, por isso os restaurantes que estão perto, geralmente, fazem entregas para quem fica a trabalhar. Para os trabalhadores se manterem acordados, há sempre café, chá e bebidas energéticas (feitas com pele de cobra e outros ingredientes exóticos) na empresa.

Quando o salaryman perde o último metro, tem a escolha entre dormir num sofá do trabalho ou dormir num hotel-cápsula (hotéis com camas tipo cacifos - são muito baratos, mas não há grande conforto nem espaço).

Quando se sai a horas do emprego, de forma a aliviar o stress, vai-se para bares, izakaya (tascas) ou salas de karaoke. Muitas vezes nas izakaya há um limite de tempo, isto é, fica-se 2 horas, pelo que se paga um preço fixo, e pode-se beber à vontade. No entanto, quando não existe este limite de tempo, um salaryman não se pode ir embora enquanto o seu chefe também não for. 
Resultado: o salaryman chega tarde a casa e, provavelmente, bêbado. Isso é um facto muito engraçado: de manhã, estão todos rígidos no metro, com as caras super-sérias e a olhar sempre na mesma direcção, enquanto que depois das 23h vê-se os mesmos fulanos todos bêbados a cantar e a arrastar-se  pelo metro :P

Algumas empresas têm um programa especial para os salaryman recém-empregados no primeiro emprego: o gasshuku (em inglês "training camp"), que consiste em juntar as pessoas num retiro na montanha, onde dormem num só quarto, preparam a comida e comem juntos, estudam e praticam desportos, de forma a tornarem-se adultos responsavéis em comunidade. Algumas empresas utilizam métodos educacionais extremos e únicos.

Os salários, ou kyuuryou, são determinados pela idade e pelo currículo de cada um.

Há muito mais factos e regras engraçadas na vida destes trabalhadores, mas por hoje já chega.

sábado, 22 de maio de 2010

Toalhinhas e outros

Á conversa, no restaurante japonês, com um aluno que vai ao Japão agora em Junho, lembrei-me de uma série de coisas, para o avisar.

Nada de mal, antes engraçado.

Tanto no avião, como nos restaurantes, como às vezes nos táxis, entregam-nos uma toalhinha enrolada a escaldar. Esta serve para limpar as mãos e, matar as bactérias, à falta de se poder lavar as mãos.

Parece quase uma massagem às mãos! No início, fica-se com medo por aquilo tar tão quente, mas depois sabe montes de bem :

Achei os táxis, o máximo!
Não sei se já cheguei a contar ou não... Mas as portas dos táxis são automáticas! A gente nem lhes toca. O táxista carrega lá no botão vermelho (lol) e as portas mexem-se sozinhas. Aliás, com os estrangeiros fazem sempre um grande alarido, do tipo: "nããããããão! não mexa na porta!"
Vá um gajo adivinhar...

Tanto as almofadas da cabeça, como os encostos dos bancos, como o volante... estão tapados com renda branca!!! Tão a imaginar o volante :P
E a maior parte dos táxistas também usa luvinha branca. Claro, tudo para sermos higiénicos.

Tal como as máscaras, como as que vimos por cá durante o perigo da gripe A. Eles sempre usaram isso, para quando estão doentes, constipados, com tosse. Porque assim não contaminam os outros. Tá certo. Claro, entretanto, já há de todas as cores e feitios :)

Fixe, fixe, é poder pagar o táxi com cartão de crédito! Ou o cinema.

No cinema, tal como em muitos sítios, tira-se os sapatos........ e não cheira mal!
Não tou a dizer que nós cheiramos mal, note-se, mas convenhemos que uns 30 pares de sapatos, ou uns 100, fechados numa sala......

Eles e os seus milagres, não é?