quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

O dia de S. Valentim

Vamos por passos. Penso que é importante de falar do amor no Japão antes de explicar o S. Valentim.

Amor em ja
ponês diz-se 'Ai' ou 'Koi' e definem-no como:
  • "um sentimento de dor que se sente quando nos sentimos fortemente atraídos por uma pessoa com quem não é possível viver junto" ou
  • "o estado confuso que desencoraja o espírito de iniciativa como se se tratasse de fios completamente enmaranhados"... Eles lá sabem.
Se formos a ver, o Japão é uma sociedade de casamentos arranjados, os "Omiai Kekkon". Porque quando uma mulher chega aos 25 e ainda não se casou é catástrofe nacional!!! Os pais dirigem-se a uma agência matrimonial para lhe tratar do assunto... Os encontros são arranjados pelos agentes e "fiador" da pessoa, em restaurantes.

Ainda hoje funciona assim: as mulheres vão para a universidade não para seguir uma carreira, mas para conhecer o futuro esposo. Meu deus... Mesmo quando vão trabalhar, é para conhecer um pouco do mundo, mas assim que encontram o "eleito do seu coração" casam-se e deixam de trabalhar. Isto explica porque é que existem muitas secretárias, mas quanto a postos superiores, não há mulheres. Com algumas excepções na indústria dos cosméticos, hoje em dia. E por conviverem pouco com homens (e vice-versa), há uma dificuldade em compreender o sexo oposto - aí as ditas agências fazem o atalho para se conhecerem.

Na família onde estive hospedada no Japão, tinha acontecido exactamente como referi acima quanto ao casal. A filha já dizia querer seguir uma carreira em vez de criar família, mas que tinha que escolher entre um ou outro... O casamento não é uma esc
olha na vida, mas sim a escolha de um modo de vida.

As mulheres têm receio de não encontrar um esposo, pois há cada vez mais com o desej
o de seguir uma carreira. Uma minha conhecida japonesa que acabou agora o curso, está triste porque vai ficar para tia. Ou o trabalho ou o casamento. Tudo porque os homens japoneses não gostam das mulheres inteligentes, gostam que sejam submissas e que tratem do domínio delas - a casa e os filhos. Pois... E assim que se fica grávida, o empregador força a mulher a pedir a demissão!

Isso deve explicar porque é
que quando há casais estrangeiros com japoneses, é sempre ela japonesa e ele estrangeiro e nunca o contrário. Incrível. E para o engate? Nunca metem conversa com alguém que não lhes tenha sido apresentado...é complicado, pois. Além de que nunca se deve olhar para ninguém desconhecido directamente nos olhos, pois é muito mal educado! Muito complicado o engate, definitivamente...

Os japoneses são extremamentes reservados quanto ao afecto. Para já, em público não se demonstra: se uma menina receber uma beijoca na bochecha, é logo uma p*#%! E dar as mãos ou outras coisas, tão a ver.... nós, realmente, somos muito ousados. Pergunto-me o que eles acham dos filmes americanos, que retratam tanto o "afecto"....

Quanto aos encontros, os homens estão à espera de mulheres tímidas, que precisem de ser protegidas, submissas e de poucas palavras - isso é uma mulher com respeito!

Desculpem estar-me a
esticar tanto quanto ao papel dos homens e das mulheres, mas acho importante antes de chegarmos ao dia dos namorados, para entenderem como eles funcionam.

Existem 2 tipos de amor bem distintos: o amor-paixão, "seiai", e o amor-romântico, "renai".
Como as esposas são as mães dos filhos e por quem sentem "renai", os homens sentem necessidade de procurar a paixão/sexo por fora.
** Note-se que acho isto uma grande lata e bastante machista, mas é assim que funciona lá**
E só se torna adultério se o homem se apaixonar, pois interfere com o "renai" ou quando a mulher come por fora e é descoberta!!! só nesses casos é que funciona pedir o divórcio...
É mesmo preciso ter
lata! Definitivamente, os homens japoneses não são para mim. Já tão avisadas da coisa. Os homens procuram o sexo fora do casamento sem se sentirem culpados pois é de bom tom as suas mulheres ficarem indiferentes a isso! ...Era eu, era, que conseguia ficar indiferente.

Desculpem t
ar a dar tanta opinião, mas esta tradição põe-me fora de mim. Nos tempos feudais, o adultério por parte do homem não mudava nada, mas se fosse por parte da mulher, a desgraçada levava com a pena de morte...
Tradicionalmente,
a esposa deve caminhar a 10m do marido, na rua! O casal da casa onde fiquei ainda fazia isso, mas com menos espaçamento. Ele ía sempre à frente.

Hoje em dia, as esposas fazem muito viagens (sozinhas ou com as amigas, supostamente) e os maridos não têm nada a haver
com isso - facilidade para elas se desforrarem também...

Em 1993, o príncipe Naruhito casa-se com Masako, com quem namorava há 7 anos. A família imperial era contra sobretudo por ela ser uma mulher independente e moderna! E, claro, também não era de sangue real. A família real comentou:" é uma mulher qu
e gosta de independência e, quando andou em Harvard comportava-se como se as mulheres tivessem igualdade aos homens! É necessario pô-la no caminho certo..."!!!!! Agora entendo porque é que a desgraçada teve uma depressão e não dava filhotes.

Sabem como surgiu a celebração (comercial) do S. Valentim no Japão?
Foi introduzido em 1958 pela pastelaria-chocolateria Mary's, depois do patrão ter recebido um postal do filho dos EUA a explicar o dia 14 de fevereiro, sugeriu num slogan que "é o único dia em que a mulher pode declarar a sua chama ao homem que ama oferecendo-lhe chocolate!". E colou.


As datas românticas no Japão são o dia de S. Valentim, o dia Branco (14/03), o Natal e Tanabata (julho e agosto).

Existem 2 tipos de chocolates a oferecer no dia de hoje:
  • os "honmei-choco" = chocolates caseiros e delicadamente embrulhados a oferecer ao homem que se ama, e
  • os "giri-choco" ('giri'=obrigação) são chocolates comprados e oferecidos aos homens à nossa volta como agradecimento da sua ajuda e gentileza. É uma forma dos outros não se sentirem excluídos.
Embora muitos recusem por causa do Dia Branco. Pois é. Mas essa explicação fica para o dia 14/03! Só vos posso dizer que eles cumprem o Dia Branco.

O dia de natal é para os homens se declararem. Visto que eles não
são católicos, não faz sentido celebrarem o natal como nós. É mais um evento comercial à S. Valentim.

O Tanabata é uma festa que celebra a união ou encontro de 2 estrelas: a Orihime (Veja) e a Hikoboshi (Altair). Celebra-se em Hiratsuka no mês de julho e em Sendai no mês de agosto.
O tradiocional dia das declarações.


Também acho engraçado existirem as festas da fertilidade que celebram os órgãos sexuais e o estímulo do sexo. Fazem rezas para ter uma boa procriação:

  • na Tagata-jinja Hounen Matsuri, falos enormes em madeira são transportados e exibidos durante a festa, a 15/03 na província de Aichi,
  • na Tsuburusashi para ter boas colheitas representa-se um deus masculino segurando um falo de madeira e uma mulher dança e toca o sasara (instrumento musical), a 15/06 na província de Niigata, e
  • na Onda Matsuri, onde após a cerimónia da plantação do arroz faz-se uma peça que representa um casal a ter sexo, no 2º domingo de fevereiro em Nara.
Esperam que tenham gostado e bom valentim!

Deixo-vos aqui o origami com o nó dos ama
dos/namorados. Dentro põe-se uma mensagem e, se alguém abrir percebe-se logo pois não há maneira de voltar a dobrar da mesma forma:

Boa sorte!

2 comentários:

Fabiano disse...

Bem, não te atrevas a dizer que os homens portugueses são machistas. Já agora, podes apresentar-me uma mulher japonesa (LoL). Por acaso conheço vários casais de japonesas casadas com portugueses, mas não o contrário.

Youth Revolution disse...

a serio?!??????

esse pekeno caso... n admiro o japao...

deixar o trabalho para ficar em casa... deixar de ter uma familia para trabalhar... k miséria... nao gosto disso...

e o homem pode... fazer o k ker com outras????? n é msm para mim xD

para eles os filmes americanos deve ser algo chocante xD

oh! o natal nao é natal se nao houver aquela harmonia natalicia xD

gostei de ler e concordo cntg em relaçao ao tema! =D