Uma "ryokan"é uma pousada japonesa. Muito tradicional.
Os quartos têm "tatami" - chão coberto de peças em palha de arroz, com uma medida muito específica. Aliás, antigamente, quanto maior a quantidade de tatami no chão, maior a riqueza do proprietário. A única mobília é uma mesa baixa e tem portas de correr de papel de arroz, as "shoji". Dorme-se num "futon" (colchão japonês), previamente desenrolado pela empregada atribuída ao nosso quarto. Serviço personalizado.
Grande parte das ryokan têm uma sala de banho comum, existindo a separação de sexos. É 'comum' no sentido em que não é só para uma pessoa: de um lado é para todas as mulheres e do outro é para todos os homens. São autênticas estações termais, as salas de banho.
Tratando-se de salas de banho de uma ryokan e não das públicas, chamam-se "onsen" porque, na verdade, são nascentes termais e as ryokans é que se construiram à volta destas. Mantêm-se as pedras e a vegetação, são quase como mini-piscinas só que de àgua a escaldar.
As salas de banho públicas existem nas cidades e, as pessoas têm gosto em ir lá tomar banho e relaxar. É um gosto antigo que ficou.
As ryokan funcionam em regime de meia pensão: o jantar é um festim de delícias locais e depois um simples pequeno-almoço tipicamente japonês. A descrição deste fica para outra altura, não posso dizer tudo de uma vez, não é? :P
As refeições são servidas nos quartos e, quando se termina a nossa empregada, sempre de quimono tradicional, levanta a mesa e depois desenrola o futon.
Cada quarto fornece um "yukata" ou quimono 'de andar em casa' feito de algodão com motivos azuis e brancos. Muitos hotéis também os têm nos quartos.
Mesmo sendo estrangeiro, temos que respeitar as regras dos chinelos e do banho (ver posts anteriores): temos que retirar o calçado ao entrar na ryokan e calçar os chinelos que lá estão; dentro do quarto apenas se pode andar descalço para não estragar os tatami, por isso os chinelos ficam à porta do quarto; na sala de banho comum, também temos que nos lavar em primeiro nos banquinhos disponíveis e só depois é que podemos ir para as banheiras.
As salas de banho japonesas são mais lugares de relaxamento do que propriamente de higiene pessoal: as pessoas ficam horas a conversar mesmo que se trate de um estranho, enquanto imergem nas várias banheiras quentíssimas.
Nalgumas também há as salas mistas: todos têm que usar uma toalha a tapar as "partes" ou um yukata, conforme o sítio.
Existem à volta de 65000 ryokans, das quais 1685 pertencem à Japan Ryokan Association. Embora os preços variem muito, considerando que existem ryokans de luxo, os preços encontram-se entre os 12000 yen (=78€) e os 20000 yen (=130€) por pessoa, com meia pensão, fora as taxas e o serviço.
Quem tenha o dinheiro mais contado pode sempre ficar numa pensão: existe o Japanese Inn Group que se especializa em acolher turistas estrangeiros.
Também existem os "minshuku", equivalente ao quarto de hóspedes. Em geral é um estabelecimento familiar que aluga os quartos da casa dos proprietários, muitas vezes em locais turísticos. é uma solução original para quem tem pouco dinheiro à disposição além de ter a vantagem de aprofundar a vivência do dia-a-dia de uma família japonesa.
Claro, não são nenhum luxo e não se trata de um serviço profissional. Um quarto num minshuku pode custar entre os (6500 yen=42€) e os (9000 yen=60€), com meia pensão de cozinha familiar.
Quando lá fui, insisti muito para ficar numa ryokan. Reservei pela net uma em Quioto. Mas foi uma desilusão completa com o que tinha afixado no site deles. O sítio era tradicional, sim. Mas a meia pensão foi por àgua abaixo, tal como a empregada personalizada ou a sala de banhos. É verdade que não foi nenhuma da dita associação, mas prontos. Foi só uma dormida num futon num chão de tatami. Mais nada. Chatice :(
Depois em Tóquio fui a uma onsen e foi muito fixe. Mas essa história fica para outra vez.
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