segunda-feira, 30 de abril de 2007

Truz, truz. Zás trás. Catrapum!

Hoje vou falar de onomatopeias. Pois é. E porque raio? Porque os japoneses têm umas fantásticas!!!! Há coisas que eu nem sabia que faziam barulho. Mas eles descobriram!

É que nós usamos as onomatopeias
para sons que, efectivamente, se produzem, não é? Eles, além dos "tradicionais" guinchos de animais, sons de portas, sons de fenómenos naturais, também têm sons de comportamento e de estados de espírito, por exemplo...

Por exemplo, quando dizemos "rir em bandeiras despregadas" ou "rir até não aguentar mais", os japoneses dizem "rir em gelah-gelah
" (lê-se 'gue-rá'x2)... que é suposto representar o som de alguém a rir-se.

'Hohoho' é o som de uma senhora, ver dama, a soltar um risinho... o pai natal perdeu o direito, parece.

E 'huhuhu'? Esta é gira: é quando alguém sabe uma coisa que tu não sabes. É, dá para lá chegar.

(Quanto às seguintes, não se esqueçam que para os japoneses a última sílaba é sempre a mais forte)

Aqui temos uma série delas engraçadas:


1- 'pohki' ou o som de um ramo a partir-se.


2- 'nyuru nyuru' ou o som que uma substância cremosa faz ao sair da embalagem :)




3- o gato mia 'nyaa nyaa' mas o gato bébé já faz
'myaa myaa'


4- 'nami nami' - trata-se de um copo de sake e o som é para quando algo está a transbordar

5- penso que as vaquinhas não precisam de explicação :)


6- o clic da máquina fotográfica faz 'kasha'

7- 'kuru kuru' para todos os objectos que rodam ou então para um esquilo engaiolado :P



8- 'kusha kusha' para o som de uma folha de papel amachucada


9- 'kasa kasa' (lê-se 'cassá'x2) é muito poético: o sussurrar das folhas mortas a serem arrastadas :P


10- 'suya suya' para o sono angélico da inocência, real ou imaginário



11- 'nebah nebah' ou o som de natou (favas de soja fermentadas) a espumarem a sua viscosidade

12- o gongo do sino do templo. À meia-noite, no ano novo, toca-se 108 badaladas.

13- 'ghiza ghiza' para tudo o que serra ou que tenha arestas


14- 'gatsu gatsu' para o som de sugar a comida. Sim, porque lá isso mostra que gostamos. Ou então, em sentido figurativo, para sugar
dinheiro.



15- 'gyuu gyuu' para o som do empurrador a trabalhar. Lá existe essa profissão :) é para empurrar o pessoal para dentro dos metros, para caber o máximo possível... é um stress, digo-vos...



16- 'do dohh' para uma cascata ou um tufão




17- 'choki choki' para o ruído da tesoura ou para as pinças de um caranguejo



18- os cães fazem 'wan wan', mas os cahorrinhos fazem 'kyan kyan' :P





19- 'chilin chilin' (ler 'tchirin'x2), o tilintar dos espanta-espíritos, ou furin, com a brisa do vento






20- o mais giro de todos: 'dabu dabu' ou o som de trazer roupa que nos fica muito grande

21- ou ainda 'guu guu' para o som de uma pessoa profundamente adormecida


Devido à forma como os japoneses sentem as coisas, este tipo de vocabulário desenvolveu-se até uma certa intensidade excessiva, pois eles priviligiam fortemente a maneira como as coisas e os sons os afectam.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Sinais dos tempos

Com sinais quero eu dizer os emblemas das lojas, tão a ver?

Embora hoje em dia sejam as marcas que estão afixadas nas lojas, dantes bastava o símbolo do tipo de loja - como um pente para representar um barbeiro ou cabeleireiro.

Os primeiros sinais de indicação de comércio eram os seguintes:

Do lado esquerdo, na primeira linha é a indicação de uma loja de pinceis, mais especificamente para os japoneses, artigos para a caligrafia.

Ao seu lado direito, temos o sinal para o comerciante de guarda-ch
uvas.

Abaixo dos pinceis, diriam vocês que era o chaveiro ou 'mister minuit', como eles se chamam agora... Tá mal!
É o serralheiro, prontos.

Abaixo do serralheiro, está o "peruqueiro"!!! Não o cabeleireiro, mas sim o comerciante de perucas, mesmo. Que engraçado.


Ao seu lado, o sinal indica o atelier do talhante de pedra. E porquê este sinal assim? Porque as tradicionais lâmpadas de jardim japonesa
s são feitas de pedra e têm aquela forma precisamente. E depois punha-se lá dentro uma vela.

O sinal à esquerda do talhante é do ca
rpinteiro.

Hoje em dia, estes sinais, foram conservados no Instituto Nacional de Literatura japonesa.

Não sei se repararam, mas todos eles têm uma espécie de argola por cima... sim?
A argola servia para os dependurar pois eram colocados durante a abertura da loja e retirados assim que fechasse.

Esses sinais eram chamados os "kanban", mas com o passar do tempo essa palavra passou a querer dizer "vamos fechar!".


Depois da madeira, passou-se a usar os sinais de metal. Então, aqui ao meu lado temos um capitão que faz publicidade a uns rebuçados para o hálito, vá-se lá saber porquê :P


Abaixo, é o emblema para uma loja de meias "tabi" - são as meias, que tradicionalmente, se us
am com o quimono e que dividem o dedo grande dos outros, como muitas sandálias de hoje. E o bonequinho representativo é um símbolo de sorte por aquelas bandas.

Em 3º lugar, é uma loja que vende serpentinas de incenso contra os mosquitos. Agora, o porquê do galo lá, não sei.

O monte Fuji tem ao seu lado um bulldog dentro de um círculo, não é? Pois, "Bulldog" é uma marca de molho à inglesa, que se costuma pôr por cima do tonkatsu ou de okonomiyaki (a explicação das comidas fá-la-ei mais tarde).
Ainda dentro, por cima diz "o aroma o mais detectável do Japão" e em baixo "Bulldog sauce".


O sinal com uma malga vermelha com tampa faz referência a um dos condimentos mais utilizados na cozinha japonesa, o ajinomoto que, entre outras coisas, tem como ingrediente o miso. Daí, a malga, porque a sopa miso é aí comida.


E, por último, o barril da soja. É. Antigamente ía-se à merceeiro pedir molho de soja, que ele tirava do barril.

Mais recentes, temos agora uns mais 'kitch'. Em 1º, o dragão que assinala o bar de ramen. De seguida, um comerciante de torneiras. Em 3º, uma cara...hã?...Pois, é camisas! Eu nunca lá chegaria! E, por último, o piano. Mas não é um vendedor de pianos, não se deixem enganar! É um transportador de pianos. Nuance ~

Aqui à direita, era um restaurante (caríssimio) de fugu ou peixe-balão. O polémico fugu. É aquele peixe que tem veneno e só se for muito bem cozinhado de uma forma muito específica é que não morremos. Por isso, só cozinheiros com experiência é que o cozinham, daí o preço elevado.


O porquinho que aqui vêm é só para enganar! O gajo! Era uma loja de roupa, pura e simplesmente. Pelo menos, é original ter um porquinho à entrada. Cheguei a ver noutra loja 2 porquinhos assim à entrada, mas não reparei se teria o mesmo nome. Faria sentido, digo eu.

E, para acabar, queria-vos deixar um em que aposto só as mulheres vão adivinhar à 1ª!

Pois, é que o boneco só por si não representa nada.

São as letras que lá aparecem e o padrão de símbolos. É uma loja da marca Louis Vuitton. Para quem não sabe, é uma marca de carteiras e afins extremamente caras que toda a madame e quase todas as mulheres desejam ter.

Digo "quase" porque a mim não me fascinam as carteiras e, como tal deve haver mais gente por aí assim. Digo eu.

Mas, para tirar as teimas, entrei numa loja lá. Só para ver. E, realmente, tratam-nos muito bem. Ainda mais bem do que é normal lá.
Pois... e um puto dum porta-chaves custa 100€.
Tá certo.
Mas o boneco tá giro.


quinta-feira, 12 de abril de 2007

Cuidado com os veados!!

Tiveram boas férias? Pois, eu também.

Voltando aos veados...

Tinha eu dito que quando fui a Nara ver o grande Buda encontrei uma data de veados lá à solta, pois eles são os mensageiros dos deuses. É montes de engraçado :)

Eles até deixam fazer festinhas e tudo. Mas há um senão. Que até tem a sua piada.


O guia explicou-nos que devíamos
ter as carteiras, mochilas, bolsos, etc, tudo muito bem fechadinho porque os veados já estão à espera que a gente lhes dê biscoitos e, então começam a trincar tudo o que esteja a jeito - houve já quem tenha ficado com o passaporte comido!! É muito chato, realmente...
Há lá barraq
uinhas de biscoitos para veado, tipo hóstias.

Já para não falar das
"prendinhas" que os veados deixam pelo caminho... :P

Estão a ver no templo, uma janela um pouco elevada do telhado?
Em dias de grande afluência, abre-se as portadas e, assim as pessoas que estejam em fila para ir ao templo, podem ver de longe
o grande Buda... engenhoso, pois.

Outra coisa que hão-de reparar nos templos, é que no telhado superior, em cada ponta, encontram-se 2 caudas douradas: trata-se de caudas de peixes.

Porquê?
Ora, porque o elemento dos peixes é água, certo? Por isso, tendo a cabeça do peixe a espreitar para dentro do templo e a cauda a espreitar para fora, quer dizer que o templo (sempre feitos de madeira) fica protegido contra os incêndios!
Pois é! Esta não sabiam! Também fiquei parva com a explicação, na altura...

Além de que este templo especificamente, já sofreu um incêndio e teve de ser reconstruído... Cá para mim, os peixes andavam distraídos :P

Esta miniatura representa o templo que ardeu. Dá para ver bem as ditas caudas no topo.


Agora, falta só falar
do "buraco da felicidade"! Pois é.
Não pense já coisas malandras, que aquilo chama-se mesmo assim.

Uma das colunas,
dentro do templo, tem um buraco que a atravessa de um lado ao outro. Diz-se que quem a atravessar vai encontrar a felicidade.
Só há um pequeno problema... o buraco é tão pequeno que só lá passam crianças. Por isso, nada de felicidade para os adultos!

É preciso saber estas coisas!






quarta-feira, 4 de abril de 2007

Veados e Páscoa

Mais uma vez desculpem, mas tem sido uma correria e não tenho tido tempo para escrever...

e ainda tenho montes para contar, trust me! Hoje vou de férias, por isso boa Páscoa a todos e até daqui a uma semaninha!

Mata raishu (até para a semana)!


Deixo em vossa companhia um veado, com um ar muito suspeito (!!!), que encontrei em Nara. É um dos sítios onde se encontra o GRANDE Buda e, visto os veados serem os mensageiros dos deuses, então os veados andam à solta no meio das pessoas.

É muito engraçado. Mas essas histórias ficam para a semana, que tenho que ir para o avião!!

domingo, 1 de abril de 2007

Gomennasai!

Gomennasai, gomennasai, gomennasai, gomennasai, gomennasai, gomennasai!

Peço desculpa desde já (-_-;) de não ter continuado as minhas crónicas nipónicas nas 2 últimas semanas, mas estive com uma gripe que não me largava.

Não desistam de mim, vá! Acontece aos melhores...